JORNADA- Drogas, Clínica e Cidadania

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Consumo de drogas por estudantes

Publicado: 04/06/2011 em Áudios

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Consumo de drogas por estudantes

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Tratamento para dependentes

 

De acordo com o Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), Salvador reúne mais de 30 segmentos de auxílio aos usuários de entorpecentes dentre os quais 18 são grupos de ajuda dos Narcóticos Anônimos, oito comunidades terapêuticas de internação, três religiosas e três que combinam o atendimento religioso e a internação, como mostra o quadro nº 1.

 

Quadro nº 1

Através da Prefeitura Municipal, e sob a organização da Coordenação de Saúde Mental, vinculada a Secretária Municipal de Saúde, a capital baiana desenvolve programas e serviços voltados para prevenção e atenção aos usuários de drogas e seus familiares.

Embora não sejam suficientes para suprir a elevada demanda, o município dispõe de duas unidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS AD), além do projeto “Capitães de Areia” e das equipes dos “Consultórios de Rua”.

Financiados pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), um dos grupos dos consultórios de rua é formado por uma equipe multidisciplinar que atua na região da Feira de São Joaquim e no Gravatá e o outro, composto por artistas, que realiza intervenções em diferentes bairros soteropolitanos, levando informações sobre a prevenção ao uso de drogas e as formas de tratamento existentes. “Os Capitães da Areia”, por sua vez trabalham com um grupo itinerante que presta serviços de informação aos moradores do subúrbio ferroviário.

No âmbito estadual, o governador Jaques Wagner, na abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa da Bahia para o exercício 2011, propôs a criação da Superintendência para Prevenção e Acolhimento aos Usuários de Drogas que de acordo com a parecer, será lotada na Secretaria de Cidadania, Justiça e Direitos Humanos (SCJDH), esta resolução pretende “reforçar a transversalidade das políticas de prevenção, repressão e ressocialização para garantir maior eficiência às ações desenvolvidas pelo governo”.

*Extraído do Memorial Descritivo do Livro-reportagem Só por Hoje – A luta dos dependentes químicos em reabilitação. Autor: Lucas Figueredo

A Reabilitãção

Publicado: 04/06/2011 em Só por Hoje

A reabilitação é o processo de tratamento da dependência que atua na desintoxicação do usuário. Este processo não é tão simples quanto aparenta, pois requer atenção, acompanhamento, dedicação e força de vontade. Existem discussões acerca da funcionalidade desse tratamento e alguns estudiosos afirmam que o resultado independe do motivo que levou à internação do dependente, enquanto outros afirmam que a eficácia do tratamento está condicionada ao interesse e dedicação do “paciente” dentro desse processo.

O tratamento mais comum, seja ele de internação ou de autoajuda, tem duração média de nove meses, considerando que este é o período de gestação e nascimento e a reabilitação é entendida como um renascimento do dependente. A fase mais difícil, conforme relatam alguns usuários1, está nos primeiros 40 dias. Este é período em que se encontram em processo de desintoxicação, as crises de abstinência são comuns e lidar com as elas torna-se complicado devido a contraindicação do uso de medicamentos que podem ocasionar dependência.

O psiquiatra especialista em drogas Ronaldo Laranjeira, explica que a dependência química cria uma ilusão de prazer que acaba perturbando outros mecanismos cerebrais e que, durante a reabilitação, é necessário proporcionar ao dependente químico, outras formas de sentir prazer.

[…] Se fumando um baseado a pessoa relaxa, findo o efeito, a ansiedade ganha força, pois a síndrome de abstinência é imediata. É o chamado efeito rebote. A cocaína age de forma diferente. O efeito rebote está na impossibilidade de sentir prazer sem a droga. Passada a excitação que ela provoca a pessoa não volta ao normal. Fica deprimida, desanimada. Tudo perde a graça. Como só sente prazer sob a ação da droga, torna-se um usuário crônico. Às vezes, tenta suspender o uso e reassumir as atividades normais, mas nada lhe dá prazer. Parece que, por vingança divina, o cérebro perdeu a capacidade de experimentar outras fontes que não a desse prazer artificial que a droga proporciona. Essa é uma das tragédias a que se expõem os dependentes químicos. No processo de reabilitação, quando a pessoa para de usar droga, é fundamental ajudá-la a reencontrar fontes de prazer independentes da substância química. (LARANJEIRA In: VARELA, online).

 “A depressão é o transtorno que mais se associa ao abuso e à dependência de drogas. Mas, outros transtornos são frequentemente encontrados entre os dependentes tais como: o transtorno de ansiedade, o transtorno obsessivo compulsivo, transtornos de personalidade e, mais raramente, alguns tipos de psicoses” (CEBRID, 2011, online).De acordo com o psicólogo Evander Gomes, ainda são comuns, durante a crise de abstinência, “ansiedade, irritabilidade, insônia ou tremor quando a dosagem é reduzida ou o consumo é suspenso”, (GOMES, 2011, online).

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1Realizamos entrevistas com dependentes nos dias 15 e 28 de novembro de 2010

 Por tais razões, é fundamental que o processo seja acompanhado por médicos especializados, sejam eles psicólogos, psiquiatras ou terapeutas para que outras patologias – que os dependentes tenham desenvolvido em decorrência do uso das substâncias recebam a devida atenção, o que aumenta a probabilidade do tratamento ser bem sucedido.

Durante a nossa pesquisa, realizamos entrevistas com o diretor da Instituição Manassés2, Emerson Luiz e o coordenador do projeto “Dose Mais Forte”, Sulivan Barreto e ambos concordam que a motivação do dependente reflete de forma significativa no sucesso do tratamento e que se fazem necessárias ações complementares ao tratamento, bem como, o acompanhamento e monitoramento dos pacientes/dependentes.

Característica comum, presente em todos os casos de dependência química, o preconceito, é a primeira barreira que precisa ser transposta. Na maioria dos casos, o preconceito tem início dentro da própria família, que se recusa a expor o problema.

Em contrapartida, a família tem um papel de grande importância durante a reabilitação e cabe a ela a função de acompanhar o dependente e a evolução do tratamento. É importante ressaltar que: “A internação de um dependente de drogas sem necessidade pode levar, até mesmo, a um aumento do consumo” (CEBRID, 2011, online).

“Sendo o tratamento de natureza individual, e privilegiando-se, evidentemente, o atendimento ao usuário, aqueles que portavam o título de familiar viam-se submetidos às disponibilidades extremamente limitadas de oferta de tratamento” (MOTTA, 1996, p.1). Foi com base nessa justificativa e por considerar os transtornos aos quais as famílias dos usuários de drogas são submetidas, que o Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas – CETAD

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2Comunidade Terapêutica localizada na Região metropolitana de Salvador.

vinculado à Universidade Federal da Bahia, criou, em março de 1996, o Grupo de Espera da Família. O grupo tem por função oferecer suporte à família e fazê-la entender qual papel deve desempenhar durante a reabilitação.

Do ponto de vista clínico, os efeitos do trabalho dos familiares no Grupo refletem-se diretamente na cura dos usuários, na medida em que a atenção imediata possibilita uma certa liberação do mal-estar, e a escuta intervém num momento considerado crítico pelos protagonistas da estória. Do outro lado, o trabalho de análise dos pacientes usuários vê-se fortalecido, posto que seus familiares passam a implicar-se no tratamento, enquanto sujeitos, e não apenas enquanto instâncias de referência. (MOTTA, 1996, p. 3).

O National Institute for Drug Abuse(NIDA), órgão do governo americano, que tem por função regular as políticas sobre drogas, estabeleceu 13 princípios que podem, de alguma maneira, servir de base para avaliação dos serviços de tratamento. Intitulado “Princípios para o tratamento da adicção: um guia baseado em evidências”,apresenta em um dos “mandamentos” outro fator importante e relevante neste processo:

A duração apropriada para um indivíduo depende de seus problemas e necessidades. Pesquisas indicam que para a maioria dos pacientes, o limiar de melhoria significativa é alcançada com 3 meses de tratamento. Após alcançar esse limiar, um tratamento adicional pode produzir mais progresso rumo à recuperação. Devido ao fato de as pessoas com freqüência deixarem o tratamento prematuramente, os programas devem incluir estratégias para envolver e manter os pacientes. (UNIAD, 2011, online).

 Em outras palavras, o acompanhamento seja ele da família, amigos, médicos e/ou psicólogos irá refletir no sucesso do tratamento evitando assim, riscos de uma possível recaída. Este acompanhamento em Salvador pode ser feito individualmente nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nas Comunidades Terapêuticas ou ainda, em grupo através dos Narcóticos Anônimos (NA).

*Extraído do Memorial Descritivo do Livro-reportagem Só por Hoje – A luta dos dependentes químicos em reabilitação. Autor: Lucas Figueredo

A Dependência Química

Publicado: 04/06/2011 em Só por Hoje

São muitos os fatores que levam um indivíduo ao consumo de drogas e, por consequência, à dependência das substâncias psicoativas. São muitas também as definições para a dependência química. Entretanto, para efeito deste trabalho, será adotada a do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), que define dependência como “o impulso que leva a pessoa a usar uma droga de forma contínua (sempre) ou periódica (frequentemente) para obter prazer” (CEBRID, 2011, online). Ainda de acordo com o CEBRID, “o indivíduo pode fazer uso constante de uma droga para aliviar tensões, ansiedades, medos, sensações físicas desagradáveis, etc.”.

O Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, publicado em 2005 pelo CEBRID, em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), mostra que 27,6 % da população da região Nordeste já fizeram uso de alguma droga que não o tabaco e o álcool, e aponta, ainda, o índice das quatro drogas mais utilizadas em 2005 pela população nordestina: 9,3% já fizeram uso de orexíginos (estimuladores de apetite), 8,4% dos solventes, 6,1% já fizeram uso da maconha e 6,0% dos benzodiazepínicos (fármacos ansiolíticos utilizados como sedativos, hipnóticos, relaxantes musculares). Vale ressaltar que foi considerado apenas o uso dos benzodiazepínicos e dos orexíginos sem a prescrição médica, ou seja, utilizados como alucinógenos e que o índice de consumo dessas drogas está atrás do álcool e do tabaco que representam os maiores consumos com 66,8% e 34,61%, respectivamente.

Em entrevista ao doutor Dráuzio Varela, o médico psiquiatra Ph.D em Dependência Química na Inglaterra e coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo), Ronaldo Laranjeira, explica que a dependência química no individuo está condicionada ao prazer, ainda que momentâneo, que a droga oferece.

[…] Existe, no cérebro, uma área responsável pelo prazer […] chamada sistema de recompensa. […] e é nela que a ação química de diversas drogas interfere. Apesar de cada uma possuir mecanismo de ação e efeitos diferentes, a proposta final é a mesma, não importa se tenha vindo do cigarro, álcool, maconha, cocaína ou heroína. Por isso, só produzem dependência às drogas que de algum modo atuam nessa área. O LSD, por exemplo, embora tenha uma ação perturbadora no sistema nervoso central e altere a forma como a pessoa vê, ouve e sente, não dá prazer e, portanto, não cria dependência. Vários são os motivos que levam à dependência química, mas o final é sempre o mesmo. De alguma maneira, as drogas pervertem o sistema de recompensa. A pessoa passa a dar-lhes preferência quase absoluta, mesmo que isso atrapalhe todo o resto em sua vida. […] A atenção do dependente se volta para o prazer imediato propiciado pelo uso da droga, fazendo com que percam significado todas as outras fontes de prazer. (LARANJEIRA In: VARELA, online)

Ronaldo Laranjeira ainda explica a ação da droga no organismo e “justifica” o fator que leva uma pessoa a consumi-la novamente.

[…] Primeiro aparece o efeito prazeroso e, depois, o desprazer. Com a cocaína, isso é mais intenso. Seu efeito de excitação e de prazer é imediato, ocorre em poucos segundos. Alguns minutos depois, desaparece e surgem os efeitos desagradáveis. Confrontando os dois, prevalece a lembrança dos bons momentos e a pessoa volta a usar a droga. (LARANJEIRA In: VARELA, online)

Para o CEBRID, “o dependente caracteriza-se por não conseguir controlar o consumo de drogas, agindo de forma impulsiva e repetitiva”. Não se pode precisar quantos e quais usuários se tornarão dependentes. O usuário de drogas é dividido em três grupos consumidores: experimental, ocasional e dependente, e caracterizam-se pelo intervalo de tempo entre um consumo e outro. Já em relação à dependência, ela se apresenta em duas formas principais: física e psicológica.

A dependência física caracteriza-se pela presença de sintomas e sinais físicos que aparecem quando o indivíduo para de tomar a droga ou diminui bruscamente o seu uso: é a síndrome de abstinência. Os sinais e sintomas da abstinência dependem do tipo de substância utilizada e aparecem algumas horas ou dias depois que ela foi consumida pela última vez. Já a dependência psicológica corresponde a um estado de mal estar e desconforto que surge quando o dependente interrompe o uso de uma droga. Os sintomas mais comuns são ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de concentração e podem variar de pessoa para pessoa. (CEBRID, 2011, online).

Ainda de acordo com o CEBRID, a dependência psicológica tem um tratamento mais difícil e é mais passível de recaídas. Isso se deve a intrínseca relação do usuário com a droga e as sensações que ela causa. A ausência da substância no organismo faz com que o dependente credite todas as sensações que lhe causam desconforto emocional e psíquico à interrupção do consumo e à falsa ilusão de que tais sintomas e sensações serão cessados caso tenha o uso continuado.

*Extraído do Memorial Descritivo do Livro-reportagem Só por Hoje – A luta dos dependentes químicos em reabilitação. Autor: Lucas Figueredo

Capa do Livro

O avanço crescente do consumo de drogas, em especial do crack, na cidade de Salvador, tem feito com que, a cada dia, pais, mães e familiares procurem os centros de saúde para tratamento de desintoxicação dos filhos e parentes. A omissão do Estado nesse processo leva a adoção medidas próprias, por parte da família, na tentativa de não “perder” o ente para a droga.

Esses foram os motivos que levaram a elaboração do livro-reportagem Só por Hoje – A luta dos dependentes químicos em reabilitação, baseado em histórias contadas pelos usuários de substâncias psicoativas no referido processo. Os “personagens” que compõem o trabalho foram escolhidos de acordo com a história de vida e o afinco no processo de reabilitação, no sentido de retratar no livro, casos em que o dependente tenha procurado o centro por espontânea vontade.

Contracapa

Para envolver o leitor e situá-lo ao contexto da obra, o livro permeia, através de depoimentos obtidos em entrevistas, os caminhos e obstáculos enfrentados pelo dependente durante o período em que consumiu a droga, o momento em que decidiu procurar o centro de reabilitação e a vida que tem levado após o tratamento.

A história de cada personagem é contada desde a trajetória do indivíduo durante o período em que viveu “à margem”, sob o efeito das drogas, até os novos desafios enfrentados pelo dependente, agora na reabilitação, de forma que o leitor vai conhecer os caminhos percorridos, os obstáculos e desafios encontrados nesse processo, e a reinserção (ou não) do usuário no convívio social e suas perspectivas futuras.

*Só por Hoje – A luta dos dependentes químicos em reabilitação é um Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de jornalismo, desenvolvido pelo graduando Lucas Figueredo, sob a orientação do professor Luiz Teles, apresentado ao Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE).

O segundo episódio do Podcast do De volta à sociedade conta a história de Sérgio, um dependente  do álcool que depois de enfrentar muitas batalhas conseguiu vencer a guerra para superar o vício que, por muitos anos destruiu sua vida.

Para ouvir, clique aqui: \”De volta à sociedade – Episódio 2

*O podcast “De volta à Soceidade”,  foi produzido pelos alunos Lucas Figueredo e Daniela Bispo, e apresentado à disciplina Produção em Novas Mídias II, ministrada pelo professor Macello Medeiros.